Arujá desponta como a cidade com a maior renda média entre os municípios do Alto Tietê, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE. O resultado reflete o avanço econômico local, mas também evidencia a desigualdade de renda em relação a outras cidades da região.
De acordo com o levantamento, o rendimento médio mensal em Arujá é de R$ 3.437,98, colocando o município entre as dez melhores posições da Grande São Paulo e acima de 14 capitais brasileiras. Mogi aparece na sequência, com renda média de R$ 3.245,15.
Enquanto Arujá e Mogi concentram as maiores rendas, as outras oito cidades da região registram rendimentos médios abaixo de R$ 2.851, a média nacional da época. Salesópolis, Itaquá e Biritiba Mirim aparecem nas últimas posições do ranking regional com, respectivamente, R$ 2.102,79, R$ 2.027,38 e R$ 2.004,06.
Para o economista e professor universitário Marcelo Costa, o quadro econômico da região reflete um processo histórico marcado pela expansão da capital paulista e pela migração de famílias em busca de moradia mais acessível. Segundo ele, esse processo deu origem a ‘cidades periféricas’ que, sem os investimentos necessários em infraestrutura produtiva e qualificação profissional, acabaram se tornando cidades-dormitório, fazendo com que as economias locais se desenvolvessem de forma frágil.
“Itaquá e Ferraz, por exemplo, têm grande dependência do setor terciário, que busca profissionais em outras cidades devido à maior qualificação. O setor terciário local apresenta baixa produtividade e elevada informalidade, resultado da falta de fortalecimento do mercado empresarial na região. Sem incentivo, não há investimento. Sem investimento, não se geram empregos nem se promove o efeito do capital, e o consumo acaba sendo direcionado para outras cidades,” diz Costa.
Salesópolis e Biritiba Mirim, além de terem esse perfil, possuem, ainda, restrições relacionadas a questões ambientais que impedem o desenvolvimento industrial, perpetuando uma economia voltada à agricultura de subsistência familiar e à parte de um turismo não perene, explica o economista.
Por outro lado, Costa aponta que Mogi e Arujá tiveram a possibilidade de realizar ações logísticas e empresariais de fortalecimento empresarial e não só a depender de políticas públicas, o que possibilitaram, hoje, um quadro maior de sustentabilidade a médio e longo prazo.
Segundo ele, Mogi criou meios próprios de crescimento para sua população com uma indústria significativa, comércio ativo e boa estrutura logística. Já Arujá se beneficia de uma localização estratégica em importantes corredores logísticos, como as Rodovias Dutra, Fernão Dias e Litoral, no centro do Estado, garantindo fácil acesso a cidades industrializadas como São José dos Campos e Jacareí.
Programa Bolsa Família
A desigualdade de renda no Alto Tietê também se reflete nos indicadores sociais. O número de famílias que dependem do Programa Bolsa Família revela como boa parte da população ainda enfrenta dificuldades para sobreviver.
Atualmente, mais de 133 mil famílias da região dependem do benefício para garantir a subsistência, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.
Além de ocupar o penúltimo lugar no ranking de renda média, Itaquaquecetuba concentra o maior número de beneficiários do programa, totalizando 36.645 famílias, um retrato da necessidade de políticas públicas voltadas à geração de emprego e renda no município.
Na sequência aparecem Mogi e Suzano, com 31.814 e 23.075 famílias contempladas, respectivamente, seguidas por Ferraz de Vasconcelos (14.585) e Poá (10.166).
Arujá, que lidera o ranking regional de renda, apresenta proporções menores de beneficiários, mas ainda mantém 6.708 famílias com cadastros ativos. Já Biritiba, Guararema e Salesópolis ocupam as últimas posições, com 2.897, 2.566 e 1.214 famílias, respectivamente. Na região, o valor médio do benefício é de R$ 683,62.