Na sexta-feira (9), completou-se um mês que a circulação dos trens da linha 11-Coral, da CPTM, foi alterada entre as estações de Suzano e Estudantes. Neste período, milhares de moradores do Alto Tietê têm de, todos os dias, conviver com o caos.
A origem do problema se deu quando se atestou o desgaste estrutural de uma ponte, por onde passam os trens, construída em 1907 entre Suzano e Jundiapeba, em Mogi das Cruzes. Por questões de segurança, um lado da ponte foi interditado, podendo passar apenas um trem por vez. Desta forma, os passageiros saídos de Estudantes, Mogi das Cruzes, Brás Cubas e Jundiapeba, com destino à estação final Luz, têm de fazer a baldeação em Suzano, e vice-versa.
Em “celebração” à data, a GAZETA foi à parada suzanense conversar com passageiros sobre a nova dinâmica, tendo colhido relatos de intervalos maiores entre um trem e outro, lentidão e superlotação.
Uma delas é a comerciante de Ferraz de Vasconcelos Maria Socorro dos Santos Silva, 46, que classificou o trajeto como um “sacrifício”: “Eu moro em Ferraz, aí tenho que parar em Suzano para ir para Estudantes e fazer a mesma coisa quando volto, no maior sacrifício. É lotado, horário de pico então… Não é nada fácil.”
O também comerciante Ervaldo Trajano de Lima, 49, relatou a mesma dificuldade com as mudanças na rotina. “Está difícil para nós, a gente está com dificuldade no transporte. Está tudo atrasado, pessoal chegando no serviço atrasado, geralmente está cheio. Não está bom, não”, conta.
Mesmo após um mês, a empresa responsável pela obra foi sequer contratada, ou seja, os trabalhos nem começaram. A previsão é que a contratação ocorra em até 90 dias.
A demora também tem causado revolta. “Eu passei por lá e não tem ninguém trabalhando. Pelo que eu vi, manutenção nenhuma. Eu creio que eles não vão terminar tão cedo essa obra aí, enquanto isso a gente vai sofrendo aí no dia-a-dia”, disparou Ervaldo.
Além da parada obrigatória em Suzano, um dos maiores alvos de críticas é o fato de que, para prosseguir a viagem, é necessário trocar de plataforma, subindo e descendo as escadas, fixas ou rolantes, ou de elevador. Para pessoas com mobilidade reduzida, essa dinâmica, combinada à superlotação, dificulta ainda mais o trajeto.
É o que conta o feirante e chacareiro de Biritiba Mirim José Luiz da Silva. Aos 88 anos de idade, ele precisa, a trabalho, ir para a capital, algo que neste último mês está mais penoso.
“Eu preciso ir toda semana no Brás e tenho que subir e descer essas escadas. Não é mole não, subir, descer, subir, descer, é triste. Podia ser numa plataforma só, agora os idosos terem que ficar subindo e descendo escada está triste, está feio. Tem muitas horas que a escada rolante nem funciona, mas fazer o que, né?! Brasileiro é igual carneiro, vai para a faca e ninguém chia”, desabafou.
Sem solução
Questionada sobre a possibilidade de antecipar o início e, consequentemente, a conclusão das obras, a CPTM respondeu com a frase: “A CPTM não tem atualizações sobre o assunto.”