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Carta aberta aos pais: adolescência

Os pais culpam a adolescência, mas podem estar negligenciando dores maiores do que uma fase

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Quando os filhos chegam na fase da adolescência, as reclamações gerais são:  meus filhos não são mais acessíveis, estão mais reclusos, não querem mais sair conosco ou não acham mais interessante os programas em família. Essas são características comuns desse período, contudo, gostaria de expor e dar luz ao contraponto, no caso, as dores desses adolescentes. Desejo que essa partilha sirva para que tentem compreender esse período de intensa construção social, repleta de mudanças, desta forma, auxiliar os pais para que possam buscar uma aproximação e compreensão tão necessária. 

Em alguns dos muitos relatos que recebo no consultório, os adolescentes, expressam um sentimento de frustração ao se sentirem deslocados dentro da própria família, já que não são reconhecidos como crianças e tampouco como adultos. Outro ponto reflete sobre a elevada, seja interna ou dos próprios pais, cobrança para atingir expectativas ou “um modelo ideal”. Desta forma, muitos relatam problemas ligados a autoestima, depressão e isolamento que se agravam com o tempo já que acabam se fechando para amizades, namoros e até para as pessoas do núcleo familiar. 

Pesquisas realizadas em 2021 pelo UNICEF e a Gallup, afirmam que 48% dos adolescentes e jovens (41% dos meninos e 54% das meninas) se sentem frequentemente nervosos, preocupados ou ansiosos, enquanto 22% (15% dos meninos, 28% das meninas) dizem se sentir muitas vezes deprimidos ou com pouca vontade de realizar atividades cotidianas, versus 39% e 11% respectivamente dos adultos.

Os problemas se acentuaram durante a pandemia, onde o contato humano se restringiu aos familiares. Relatos de adolescentes que tiveram seus vínculos quebrados de pai ou mãe por conta de separações mal resolvidas também é grande. Essa falta de identidade também afeta a própria busca acerca sobre sexualidade fazendo com que muitos passem a reprimir desejos e sentimentos por receio de alguma possível retaliação, muitos deles em atos mais extremos chegam a se machucar como alternativa para estancar um pouco de sua frustração. 

Um ponto que gostaria de destacar, se trata à atitude de pedir ajuda profissional, muitos jovens e adolescentes pedem para ir ao psicólogo e, às vezes, as barreiras acontecem por parte dos pais, de aceitarem que essa ajuda é necessária, fazendo com que o sofrimento se agrave. 

Segundo a UNICEF, metade dos jovens e adolescentes que participaram da pesquisa disseram que sentiram necessidade de pedir ajuda em relação à saúde mental, mas 40% deles não recorreram a ninguém. Entre os motivos destacados por aqueles que não buscaram ajuda, estão a insegurança (29%), a desistência de buscar ajuda (26%), o medo de julgamento (17%), ou a falta de informação sobre quem procurar (10%).

Passar pela fase da adolescência é, naturalmente, um período de conflito, de isolamento e de muita dor. Cabe aos pais e cuidadores, mostrarem o entendimento e perceber que acolher algumas vezes será necessário. Estar disponível, ouvir, e buscar ajuda quando as ferramentas estiverem escassas são opções e possibilidades do que um responsável por adolescente pode fazer. Acredito que uma boa alternativa é termos um olhar mais humanizado para ambos os lados para que possamos reconectá-los.  Contudo, se você notar mudanças bruscas de comportamento, como por exemplo, ele era muito comunicativo e está isolado, ela era muito tímida e começou a extravasar, é um sinal de que essa pessoa, possivelmente, precise de um profissional para auxiliá-lo. Não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda.

Bruna Rodrigues é psicóloga, fundadora do Instituto Diferente Mente e do projeto Psicologia em Ação, psicoterapeuta, palestrante e treinadora.
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