Prefeito entende que a cidade está construindo um desenvolvimento sustentável
Por Lailson Nascimento / Foto: Bruno Arib
Mogi das Cruzes comemorou, em setembro, 461 anos de fundação. Por ser uma das mais antigas de São Paulo, a cidade necessita de modernização. E é justamente nessa linha que o prefeito Caio Cunha (PODE) trabalha: um município inovador. Seja por meio do investimento de R$ 34 milhões para implantar 100% de iluminação em led, com 2 mil lâmpadas somente em Jundiapeba, seja para corrigir problemas históricos, como a implantação de rede de água nas Chácaras Guanabara, a cidade vai avançando a partir da periferia, isto é, pelas regiões mais necessitadas.
Confira um trecho da entrevista de balanço do prefeito à GAZETA:
Gazeta Regional (GR): O orçamento para o ano que vem, cuja previsão é de R$ 2,2 bilhões, foi o primeiro montado pela sua equipe. O que muda, em relação a esse ano?
Caio Cunha: 2022 será um ano de entregas, pois nos preparamos bastante para que possamos começar o próximo ano com as entregas necessárias. Eu sempre defendi que a gente não precisa esperar os últimos anos de mandato para fazer as grandes obras, porque eleitoralmente é assim que se faz, mas desde o começo eu tenho entregado tudo o que é possível. Agora, com orçamento preparado pela nossa equipe, fica mais fácil da gente operar.
GR: E quais são as entregas já previstas?
Cunha: Embora existam obras que começaram na gestão anterior, boa parte do pagamento delas foi feito pela nossa gestão. Ou seja, a Maternidade, o Ginásio de Esportes, o Auditório, o próprio CIAS. Também tem as obras do ‘Viva Mogi’, algumas obras de mobilidade, como a nova rotatória do Habibs, e a Escola do Futuro, cuja primeira vai ter as obras iniciadas no ano que vem, e nós temos pelo menos três unidades previstas. São grandes templos da educação, que não se trata só de uma estrutura com piscina, quadras poliesportivas, bibliotecas, mas de uma estrutura para atender a comunidade, e não só os alunos. A forma da educação é muito diferente, pois vamos romper com aquela lógica dos alunos sentados e travados durante quatro horas em uma sala de aula. Estamos firmando um convênio com o Governo da Finlândia para prepararmos os nossos professores. Diante disso, estamos montando um novo conceito de educação.
GR: Quais bairros receberão a Escola do Futuro?
Cunha: O distrito de Jundiapeba, o Jardim Margarida e o Jardim Santos Dumont. São bairros periféricos e entendemos que precisamos formar as pessoas dessas regiões, garantir qualidade de ensino para esses bairros.
GR: O que mais há para a periferia?
Cunha: Em Jundiapeba, por exemplo, começamos um processo de pavimentação das vias do Nova Jundiapeba, que sempre foram de terra. A ideia é que até o final do mandato todas as vias de Jundiapeba estejam calçadas, e também já lançamos, esse ano, o projeto 100% led, ou seja, toda a cidade, e veja o desafio, uma cidade de mais de 720 quilômetros quadrados, vamos implantar 100% de iluminação de led. Um investimento alto, de R$ 34 milhões, mas pelo planejamento que fizemos, vamos recuperar isso em pouco tempo.
GR: O senhor anunciou que vai zerar a fila para vagas em creches. Quantas creches serão necessárias?
Cunha: Só nesse final de ano, inauguramos seis novas creches e, com isso, conseguimos mil novas vagas. Existem, ainda, mais 2,5 mil demanda por vagas, então prevemos mais umas 15 creches até o fim do mandato.
GR: O que está sendo feito para que Mogi se torne uma cidade inovadora?
Cunha: Cidade inovadora não é uma entrega visível, de prédios, mas de conceito. É óbvio que a pessoa sente, na ponta, a agilidade dos processos e da inteligência aplicada em cada um dos fatores. Mas a gente vai conectar toda a cidade, desde as escolas, postos de saúde, e com isso vamos ter uma base de dados única. Hoje, há uma dificuldade muito grande de se cruzar dados e ter decisões mais efetivas. Junto a isso temos as barreiras eletrônicas, pois a cidade aumenta o monitoramento. Também vamos instalar totens de segurança e algumas câmeras de monitoramento com OCR, para que possamos monitorar a entrada e saída de veículos.
GR: Mogi está entre os 41 maiores municípios de São Paulo e, nesse grupo, tem uma das piores mobilidades. O que está sendo feito para melhorar isso?
Cunha: Quando se fala de mobilidade, a gente tem que entender todo o circuito viário da cidade. Não adianta cobrarmos agilidade das empresas de transporte público, a pontualidade, se o trânsito está precário. Muito pouco foi investido em mobilidade em Mogi das Cruzes. Isso acontece nas grandes cidades, porque elas começam a crescer sem planejamento. Paralelo às intervenções que a gente vai fazer, que são pontos de mudança de rotas e de infraestrutura logística, tem também o plano da cidade, que é o Mogi 500 anos. Então, por exemplo, estamos redesenhando algumas linhas da cidade, justamente para que o transporte público seja mais atrativo. Quanto mais atrativo, menos as pessoas vão utilizar carro. A gente também quer fazer novas integrações entre ônibus e criar novos terminais, justamente para facilitar a vida dos passageiros. Estamos criando uma espinha dorsal para orientar como e para onde a cidade deve se desenvolver. O trânsito é consequência de uma cidade que não se desenvolveu, mas que só cresceu. Eu recebo diariamente pedidos de novos empreendimentos na cidade. E vou falar uma coisa: eu não quero que a cidade cresça, quero que ela se desenvolva. Os novos empreendimentos imobiliários serão muito bem pensados e terão que seguir, em termos de localização e forma construtiva, o que a prefeitura apontar para ser feito.
GR: Transporte público, coleta de lixo, funerárias, pedágio, atenção inicial à periferia: como foi ‘bater de frente’ com tantos temas polêmicos no primeiro ano de mandato?
Cunha: Eu estava conversando com alguns prefeitos, nessas reuniões que faço em Brasília, e cada um compartilha como está o primeiro ano de mandato. E quando eu falo como foi aqui, as pessoas me falam que eu passei tudo o que um prefeito passa ao longo do mandato, mas no primeiro ano. foi um intensivão. E tudo o que aconteceu teve que acontecer. Nós passamos 27 dias com as UTIs com mais de 100% de leitos ocupação. A troca de empresas de coleta de lixo não foi uma coisa que escolhemos acontecer, mas as circunstâncias de um projeto de PPP absurdo, que ameaçava a nossa cidade de instalação de um aterro sanitário aqui, isso a gente não vai deixar. É um absurdo que a gestão anterior tenha colocado isso no projeto. Enfim, são vários desafios.