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Vereador de Bertioga faz declarações xenofóbicas contra trabalhadores de Mogi

‘Voltem para Mogi’: discurso discriminatório de Presidente da Câmara bertioguense incita população contra mogianos
Carlos Ticianelli utilizou a tribuna da Câmara de Bertioga para atacar profissionais mogianas
Carlos Ticianelli utilizou a tribuna da Câmara de Bertioga para atacar profissionais mogianas - Foto: Reprodução

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Em uma sessão da Câmara Municipal de Bertioga, o presidente da Casa, vereador Carlos Ticianelli (PSD), protagonizou um discurso marcado pela xenofobia ao atacar profissionais de Mogi das Cruzes que atuam na cidade litorânea. Com falas agressivas e discriminatórias, o parlamentar sugeriu abertamente que essas funcionárias “voltem para Mogi”, deixando claro seu incômodo com a presença de trabalhadores de outro município no serviço público local.

A polêmica teve início durante a sessão do dia 11 de fevereiro, quando Ticianelli criticou a gestão do INTS (Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde), OSS (Organização Social de Saúde) responsável pelo Hospital Municipal de Bertioga. Primeiro, ele fez ataques à qualidade da alimentação fornecida pela empresa aos funcionários. Então, o vereador mirou diretamente duas mulheres de Mogi, referindo-se a elas de forma pejorativa e ordenando que deixem seus cargos.

Uma das funcionárias atacadas foi identificada como Daniela, profissional que atua na farmácia do hospital. O vereador admitiu que sequer a conhece pessoalmente, o que não o impediu de desqualificá-la publicamente, chamando-a de “essa tal de Daniela” e ordenando: “volte para Mogi, vai fazer alguma coisa lá”.

Na sequência, outra profissional, Rosana, também foi alvo do mesmo tratamento hostil. “Nem sei de onde essa pessoa veio, se perguntar para mim hoje quem é Rosana, eu não sei quem é. De Mogi das Cruzes também”, disparou, exigindo que o novo governo municipal a demita.

O discurso preconceituoso de Ticianelli encontrou apoio imediato da vereadora Renata Barreiro (PL), que ampliou os ataques contra os trabalhadores mogianos, sugerindo que “peguem a van, o ônibus, o carro, o jumento” e deixem Bertioga para “quem realmente é da cidade”.

As declarações de Ticianelli e Barreiro expõem um pensamento segregacionista que contraria princípios constitucionais básicos, como a livre circulação de trabalhadores e a igualdade de direitos entre brasileiros, independentemente de onde nasceram ou residam. São falas que contrariam o princípio de respeito à legislação e à conduta esperada de representantes públicos.

GRAVIDADE LEGAL – Discursos que incentivam a exclusão com base em origem geográfica podem configurar discriminação e até mesmo xenofobia, considerando que esse tipo de atitude também pode ser enquadrado como crime. A postura do presidente da Câmara Municipal de Bertioga e da vereadora evidenciam não apenas um ataque pessoal a funcionárias específicas, mas um caso claro de intolerância e até de perseguição dentro do serviço público.

EFEITOS ECONÔMICOS – Os vereadores envolvidos na questão não levaram em conta o peso econômico de uma indisposição aos mogianos. Bertioga é uma cidade turística vizinha de Mogi das Cruzes, e os mogianos representam uma parcela significativa dos turistas que visitam a cidade.

Além disso, muitos moradores de Mogi possuem residências de férias em Bertioga e contribuem economicamente para o município, pagando impostos e movimentando o comércio local, mesmo residindo em outra cidade. As declarações de Ticianelli e Renata, além de preconceituosas, ignoram, portanto, a forte relação econômica e social entre as duas cidades, demonstrando um posicionamento que pode prejudicar o próprio município ao afastar trabalhadores e investidores.

O que diz o INTS

Em nota enviada à Redação da GAZETA, o INTS respondeu às críticas do presidente da Câmara de Vereadores de Bertioga. Veja a íntegra da nota:

“O INTS, responsável pela gestão do Hospital Municipal de Bertioga, vem esclarecer, em relação aos apontamentos feitos pelo vereador Carlos Ticianelli, que:

– Todas as refeições fornecidas aos colaboradores são preparadas e servidas em local apropriado, licenciado pela Vigilância Sanitária. O vereador faz referência a um incidente ocorrido ainda em 2023, no preparo de uma salada, solucionado prontamente. Desde então, não houve mais registros de inconformidade. Todas as refeições servidas são elaboradas com base em critérios nutricionais rigorosos, incluindo opções de alimentos integrais, sendo acompanhadas por uma equipe técnica capacitada. Quanto a colaboradores que precisam deixar a unidade como acompanhante, refeições são servidas em acordo com o determinado pelo SUS.

– Em relação aos medicamentos, o Hospital Municipal de Bertioga garante que todos os pacientes em atendimento recebam os medicamentos necessários durante sua permanência. Após a alta, os medicamentos necessários para a continuidade do tratamento são fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Farmácia Santa Terezinha, conforme os protocolos estabelecidos.

– Em relação às contratações de colaboradores, esclarecemos que todos os processos seletivos são conduzidos de acordo com a publicação de edital, sendo abertos ao público. Os candidatos interessados participam de um processo seletivo que inclui etapas rigorosas: prova teórica, prova prática e entrevista técnica. Vale destacar que 99,95% dos colaboradores são residentes de Bertioga e região.

– Todos os pagamentos de colaboradores foram realizados e não há pendências em atraso.

Por fim, o INTS convida o vereador Carlos Ticianelli a visitar as instalações do hospital, inclusive para acompanhar o processo de produção de alimentos, reafirmando seu respeito à Câmara Municipal e seu compromisso com a saúde da população.”

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