Diante da grande repercussão dos últimos dias, a Santa Casa abriu as portas para a GAZETA e os membros da diretoria da entidade filantrópica concederam entrevista exclusiva para falar sobre a decisão da transferência do pronto-socorro e os principais motivos que levaram a diretoria do hospital a tomar essa atitude.
A visita foi realizada na manhã de quinta (19), e os diretores mostraram a situação em que alguns pacientes se encontram quando a capacidade máxima é atingida. Na ala de emergência, isolamento e observação masculina e feminina, o espaço disponível acomoda até 16 pacientes, mas naquela ocasião, haviam 21 pessoas, isto é, cinco já estavam em leitos nos corredores. Ainda segundo os diretores, esse seria um dia normal, uma vez que a Santa Casa já chegou a 200% de ocupação, causando superlotação.
Segundo Flávio Mattos, que faz parte do Conselho Fiscal da Santa Casa, a superlotação é a maior questão para que o PS seja transferido para outro prédio, passando a responsabilidade para a Prefeitura de Mogi das Cruzes.
“O pronto-socorro é uma obrigação do município de Mogi das Cruzes, não da Santa Casa, que é uma instituição privada filantrópica. Nós temos um convênio com a prefeitura, em que ela transfere esse serviço para nós. Com o passar dos anos, o município cresceu e muitas UPAs foram implantadas, e hoje, a prefeitura possui muitos equipamentos bons e modernos, e em qualquer uma que você for terá uma estrutura física melhor que a Santa Casa”, apontou Mattos.
Ele ainda reforça: “Nós não temos mais condições de manter as pessoas no corredor, pois a demanda está alta. Nós não vamos fechar o pronto-socorro, o que o município vai ter que fazer é mudar de lugar.”
A ideia é que a entidade filantrópica ofereça o serviço de forma semelhante ao Hospital Luzia de Pinho Melo, que teve as portas do pronto-socorro fechadas em 2021, recebendo somente pacientes dos serviços de urgência, como Samu e Bombeiros.
“A Santa Casa vai ter uma contratualização com o Estado, dos serviços que ela é homologada no Ministério da Saúde, como ortopedia, maternidade, neurologia, cirurgias gerais, exames de imagem e oftalmologia. E isso vai permitir aumentar a oferta desses serviços, que continuarão normalmente, mas para atender as pessoas com mais dignidade”, explicou Mattos.
Questionados quanto à boa localização do hospital – na área central de Mogi das Cruzes -, questão levantada pela Secretaria Municipal da Saúde, eles responderam: “Essa é uma narrativa pífia, pois o conceito de SUS é que o paciente seja atendido próximo de casa, e é por isso que há UPA no bairro do Rodeio, em Jundiapeba e no Oropó”.
Ainda de acordo com os dados disponibilizados pela Santa Casa, moradores do bairro de Jundiapeba lideram o ranking de atendimentos por mês no hospital, seguido do Mogi Moderno e Vila Natal.
Os diretores também informaram que este não é um problema novo, e que a prefeitura está ciente da situação desde 2021.
“Esse problema não é de agora, em 2021 nós levamos essa questão para a prefeitura. O Hospital Municipal tem uma estrutura melhor e mais moderna para atender a população, o que a prefeitura precisa é ter vontade de abrir este local para atender a população bem”.