O confronto entre o Corinthians e o Universitários, do Peru, válido pelos play-offs da Copa Sulamericana, foi muito mais marcado por tensões extra-campo que dentro das quatro linhas, mesmo com o clima pesado também entre os jogadores. Os grandes temas do conflito foram o racismo e a condescendência com atos racistas por parte dos peruanos.
O caso teve início quando, no jogo de ida, disputado no último dia 11 em São Paulo, o preparador físico do Universitários foi preso por fazer gestos racistas para a torcida corintiana. Há imagens gravadas pelos próprios torcedores mostrando Sebastian Avellino Vargas imitando um macaco.
Nos sete dias subsequentes, com o membro da comissão técnica peruana ainda preso em São Paulo, jogadores e representantes do Universitários se posicionaram em apoio ao colega racista, alimentando um clima entre os torcedores de que Sebastian seria, na verdade, um injustiçado, assim como todo o clube.
A tensão escalou ao ponto de a polícia de Lima sugerir que a comitiva corintiana se locomovesse do hotel ao estádio Monumental de U, onde ocorreu o jogo de volta, nesta terça-feira (18), com o ônibus da polícia, caso contrário os oficiais não poderiam garantir a segurança dos brasileiros. A sugestão foi negada.
As ameaças de apedrejamento ao veículo não se concretizaram, mas, ao rolar da bola, notava-se o clima de nervosismo por parte tanto dos jogadores, quanto dos 80 mil torcedores presentes, o que culminou numa confusão generalizada aos 96 minutos de jogo, quando o jovem Ryan Gustavo fez o segundo gol corintiano, garantindo a classificação, e mostrou sua camisa à torcida.
Com o confronto finalizado, situação contornada e Corinthians classificado, foi então que o lateral esquerdo Matheus Bidú foi às redes sociais desabafar sobre o caso, escrevendo: “Inadmissível existirem seres humanos imundos como vocês, lixos de pessoas. Acham normal atos racistas? Enquanto existir pessoas como vocês o mundo não vai para frente. Racistas de merda.”
Em coletiva de imprensa após a eliminação, o técnico uruguaio do Universitários, Jorge Fossati, normalizou mais uma vez a atitude do preparador físico preso e comparou à atitude de Ryan de provocar a torcida adversária, como se fossem equivalentes.
Depois da postagem de Matheus Bidú e a banalização do absurdo de Fossati, torcedores criminosos do time peruano foram ao Instagram do lateral corintiano e confirmaram o racismo denunciado por ele, mandando inúmeras mensagens o chamando de “mono”, que significa macaco em espanhol.
Confira abaixo os prints dos fatos narrados acima: