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27/03/2025
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Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti: marca que jamais será apagada da história de Mogi

Paciente havia se casada há um mês quando foi internado compulsoriamente no local
Embora não sirva mais como leprosário, espaço abriga antigos moradores / Foto: Bruno Arib

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O Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti (antigo “Leprosário Santo Ângelo”), localizado no distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes, desempenhou um papel fundamental durante a epidemia de hanseníase que o Brasil enfrentou há quase 100 anos.

O local demorou 10 anos para ser construído e foi fundado em 1928, projetado por Ramos Azevedo, referência na arquitetura de São Paulo naquele período. Na época, acreditava-se que a doença era extremamente contagiosa, o que fazia com que as internações fossem compulsórias. O terreno possuía uma logística interessante, já que estava próximo à estação ferroviária de Jundiapeba, que beneficiaria na hora de trazer os pacientes da capital.

Dos anos 1930 a 1950, ainda não haviam medicamentos e tratamentos para estabilizar a doença, o que dificultava ainda mais a vida dos pacientes, que viam pouco os familiares ou até mesmo perdiam o contato, como foi o caso do seu Otacílio, de 71 anos, morador do hospital até hoje, e que foi internado um mês após o seu casamento. “Vim pra cá com 19 anos, e nunca mais vi minha esposa”, comentou.

Apenas depois dos anos 1960 um medicamento foi criado, é utilizado até os dias de hoje e permitiu as visitas dos familiares dentro do Hospital-Colônia. De acordo com seu Moacir, de 70 anos, que foi internado compulsoriamente em 1972, as visitas podiam acontecer, mas sem toque físico. “Tinha uma cerca em uma das entradas, aí o visitante chegava, mas não podia dar a mão, se não o guarda metia ‘porrete’”, explicou.

No auge da epidemia, o hospital chegou a receber de 2 mil a 3 mil pacientes, que eram tratados nos pavilhões e, posteriormente, com a flexibilização, puderam se instalar nas casas das colônias.

O Hospital-Colônia na época foi projetado para ser uma cidade, e possuía diversas formas de lazer, como cinema, quadra de futebol, biblioteca, salão de beleza, entre outras opções para oferecer aos pacientes o mínimo de conforto. 

Para o diretor do Departamento de Patrimônio e Arquivo Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, Glauco Ricciele, a situação podia até ser cruel, mas também necessária: “Hoje, olhando aquela situação, a gente vê que é ruim, até cruel. Mas no período era o que tinha de mais respeitoso de tratamento para as pessoas. Mesmo sendo compulsório. E foi uma forma também de conter a doença, que na época acreditava-se que era altamente contagiosa”, explicou. 

ESTIGMA – Segundo os moradores que foram pacientes, quando os trens passavam em Jundiapeba, as pessoas fechavam a janela e tapavam o nariz com medo de ser contaminadas. “Era muito complicado, mas Deus abençoou e, de 1980 para cá, o preconceito foi se acabando”, concluiu Moacir.

Fotos: Bruno Arib

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