Há duas semanas, a GAZETA publicou a reclamação de populares referente à fumaça com forte odor expelida pela empresa Suzano Papel e Celulose, na divisa de Suzano com Mogi das Cruzes. Porém, mesmo com a afirmação médica dizendo que a exposição frequente e prolongada traz problemas à saúde, a empresa reforçou que essas emissões não provocam estes danos e estão em constante monitoramento e fiscalização pelas autoridades.
Diante deste impasse, a reportagem procurou o engenheiro ambiental William Nobuharu Matsuda para esclarecer o assunto. De acordo com ele, se emitida com valores acima dos estabelecidos pela legislação, a fumaça industrial pode provocar danos à saúde e ao meio ambiente. Mas, segundo ele, é aí que está o problema: a fiscalização desses parâmetros.
“A fiscalização do cumprimento da legislação é insuficiente, pois o corpo técnico dos órgãos ambientais possui um quadro de funcionários reduzido para fiscalizar uma grande área”, explicou o engenheiro formado pela USP.
De acordo com a Cetesb, responsável pela fiscalização de sete cidades da região, as últimas reclamações da população à agência, relacionadas a emissão de substâncias odoríferas, foram registradas no mês de março e, com isso, reforçou a importância de os reclamantes apresentarem suas queixas diretamente à agência ambiental mais próxima, através dos vários canais de atendimento disponíveis. Isto, para permitir a pronta ação por parte dos técnicos que fiscalizam.
Entretanto, nesta semana, essa ação foi impossibilitada, já que a Agência Ambiental de Mogi está fechada para atendimento presencial devido a uma reforma e, segundo relatos, a unidade também não atendia aos telefonemas, impossibilitando qualquer contato.
Ainda assim, questionada pela GAZETA, a companhia afirmou que a agência está fechada apenas para o atendimento presencial, todas as outras operações seguem o trabalho normalmente. Neste caso, a pergunta que fica é: como, já que o registro das reclamações é fator primordial para que o serviço de fiscalização aconteça?
Enquanto isso, a fumaça e o forte odor seguem atrapalhando a população.