O dia 14 de junho marca o Dia Mundial do Doador de Sangue. Na região do Alto Tietê, a data chega em meio a um dos piores cenários para quem precisa de doações para sobreviver. O Hemocentro de Suzano é um termômetro do problema. Segundo Rebeca Mariana, responsável operacional do local que abastece cerca de 20 hospitais da região, o estoque de sangue está no limite e a situação é crítica.
“Tenho três anos de experiência aqui e nunca vi um cenário tão complicado. Com o aumento dos casos de doenças respiratórias, cresceu também a demanda por transfusões, mas as doações caíram drasticamente. Estamos na risca. Cada bolsa faz falta.”
Além da baixa adesão de doadores, agravada pelo período de frio intenso e férias escolares, o hemocentro ainda enfrenta desafios causados pela desinformação. Mitos como o impedimento definitivo após fazer uma tatuagem ainda afastam voluntários. Rebeca faz questão de explicar que o intervalo é de apenas seis meses para quem fez tatuagem, micro pigmentação ou piercing.
A urgência em manter os estoques abastecidos se revela na história de Giovanna Figueiredo, de 28 anos. Em 2023, ela descobriu uma anemia severa durante um exame de rotina e passou a receber transfusões de sangue com frequência. Após meses de investigação, entre exame e tratamentos, o diagnóstico definitivo veio em 2024: hemoglobinúria paroxística noturna e aplasia medular, duas doenças raras que afetam diretamente a produção e a qualidade das células do sangue.
Desde então, Giovanna faz transfusões de sangue frequentemente. Sem isso, talvez ela não estaria mais viva: “Entre plaquetas e sangue, a última vez que contabilizei eu já tinha tomado mais de 220 bolsas. Se não tivesse, eu talvez não estaria aqui para contar história. A doação de sangue é muito importante, não só pela minha vida, mas de outras pessoas que eu encontrei nesse período no hospital”.
Do outro lado da história está Natália Cruz, 23, que descobriu seu tipo sanguíneo, O negativo, um dos mais raros e valiosos, ao doar pela primeira vez durante a pandemia. Desde então, ela nunca mais parou de contribuir com quem necessita. “Doar sangue é a melhor experiência que eu já tive na minha vida. Me sinto muito feliz em saber que com o meu sangue eu consigo ajudar milhares de pessoas”.
Natália participa do projeto Vidas por Vidas, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que incentiva a doação em grupo e regular em diversas cidades. “Quem nunca doou, procure um hemocentro. Tenho certeza que irá amar a experiência. Salvar vidas com o seu sangue é maravilhoso”.
Para doar sangue, o doador deve apresentar um documento oficial de identificação com foto, estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 kg e estar descansado. Além disso, é importante não estar em jejum e evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação.
Enquanto campanhas buscam incentivar novas doações, o Hemocentro de Suzano reforça o apelo: “a ajuda é urgente”. Vale lembrar que uma única doação pode salvar até quatro vidas, já que o sangue doado é dividido em diferentes componentes: concentrado de hemácias, plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado. Cada um deles é utilizado em tratamentos diferentes, de acordo com a necessidade de cada paciente.
O Hemocentro está recebendo agendamentos individuais e também de grupos que queiram organizar campanhas, como escolas, igrejas e empresas. A unidade fica na avenida Antônio Marques Figueira, 1861, Vila Figueira, em Suzano, e funciona das 7h às 17h. Os agendamentos podem ser feitos pelo telefone e WhatsApp (11) 4752-9999 ou pelo Instagram @hemocentrotransfusao.
