Duas vezes vereador por Itaquaquecetuba, ex-secretário municipal de Saúde e com votação expressiva em 2022, o médico veterinário Edson Rodrigues (PODE), mais conhecido como Edson da Paiol, se prepara para disputar novamente uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026. Aos 42 anos, ele vê na causa animal e nas políticas públicas de saúde seu principal legado — e também seu combustível político.
A história de Edson com a política passa longe de ter sido planejada. “Longe de mim imaginar ser político”, afirmou em entrevista exclusiva à GAZETA. Nascido e criado em Itaquá, ele viu sua atuação na medicina veterinária transformar-se em compromisso social. “O amor pelos animais me levou a criar um projeto de castração, que se tornou o maior do Brasil. A partir disso, entendi que o poder público era fundamental para ampliar esse trabalho.”
O mês de julho — com o Julho Dourado, o Dia Mundial de Combate às Zoonoses (6) e o Dia do Vira-Lata (31) — é simbólico para sua trajetória. Edson lembra que as zoonoses, como a raiva, já foram problemas gravíssimos de saúde pública e que o abandono de animais está diretamente ligado à proliferação de doenças. “Hoje as pessoas têm mais pets do que filhos. É um novo cenário que precisa de políticas sérias. A saúde animal é também saúde humana.”
Sua origem humilde o fez trilhar um caminho de superação. Caçula entre oito irmãos, perdeu o pai aos 11 anos. A mãe, analfabeta, criou a família com dificuldades. “Sabia que o único caminho era estudar. Consegui entrar na faculdade, me formei em medicina veterinária e construí minha clínica. Foi a partir disso que decidi retribuir tudo o que conquistei com um projeto social de verdade.”
Para prestar atendimento gratuito, fundou a ONG Gaari (Grupo de Apoio aos Animais de Rua Indefesos) e passou a realizar mutirões de castração em todo o estado. Até hoje, o projeto já ultrapassou a marca de 120 mil procedimentos 100% gratuitos. Só em Itaquá, foram mais de 30 mil. “Cada animal castrado evita até 100 novos abandonados. Isso reduz o sofrimento animal, os casos de maus-tratos, e também o impacto no sistema de saúde”, defende.
A experiência prática e o reconhecimento nas ruas abriram as portas para a política institucional. Edson foi eleito vereador na primeira tentativa e reeleito com ampla votação. Na terceira eleição, indicou sua sucessora — Lessandra Gonçalves (PODE), a Lessandra da Gaari — que se tornou a mulher mais votada da história de Itaquaquecetuba. “Eu não acredito que cargo seja profissão. Acho que dois mandatos são suficientes. É importante dar espaço para novas ideias.”
Em 2022, Edson disputou uma vaga na Alesp e teve 51.680 votos — faltaram apenas 260 para conquistar o cargo. “Foi uma lição enorme, entre erros e acertos. Mas saímos vitoriosos.” Em 2024, disputou uma cadeira de vereador na cidade de São Paulo e obteve 23 mil votos.
Com a bandeira da causa animal no centro de sua atuação, Edson acredita que São Paulo precisa de mais vozes comprometidas com a pauta.
“Existe política pública, mas ainda é muito vago. A capital tem cerca de 2,5 milhões de cães e gatos abandonados. Isso precisa ser tratado com seriedade. “Ainda não está definido se eu serei candidato novamente, mas estamos avaliando com o grupo. Se for eleito, quero usar as emendas parlamentares para criar um sistema estadual de castração em massa e centros veterinários públicos.”
Mas não é só a causa animal que o motiva. “Sou apaixonado pela profissão, mas a saúde pública e a área social são prioridades também. A castração em massa, por exemplo, impacta diretamente na saúde da população, porque reduz as zoonoses. A médio e longo prazo, isso diminui a pressão sobre os postos de saúde.”
Quanto ao futuro político em Itaquaquecetuba, embora negue ter pretensões de disputar a prefeitura em 2028, Edson não fecha portas. “Nunca pensei nisso. Minha prioridade é o legislativo. Mas sou muito de grupo. Se surgir alguém com boas ideias, vamos apoiar. Política precisa de renovação, de gente jovem, de oxigenação.”
Enquanto 2026 não chega, o ex-vereador segue na ativa, com base popular e prestígio construído ao longo dos anos. “Quem acha que o Edson está fora do jogo está enganado. É só olhar meu histórico de votos e de trabalho nas ruas.”