Associação Portuguesa de Desportos pode ser uma das primeiras equipes clube-empresa
Por Will Siqueira / Foto: Divulgação
Algo que acontece há anos no futebol europeu, principalmente na Inglaterra, chegou-chegando (mesmo com anos de atraso em relação ao Velho Continente) ao Brasil no final de 2021, após a criação e oficialização da lei 14.193, existente desde 6 de agosto: a SAF (Sociedade Anônima do Futebol).
A SAF é um novo formato de clube-empresa no qual um sócio majoritário tem o controle total das atividades de uma agremiação profissional de futebol. No Brasil, quem deu o pontapé inicial para que a SAF entrasse em vigor foi o Cruzeiro, o qual foi comprado por Ronaldo Nazário, o Fenômeno.
Ronaldo, agora, é o proprietário do clube mineiro, já que comprou 90% de suas ações. Para exemplificar: na Europa, clubes como Chelsea, Manchester City e PSG são clubes-empresas no modelo de SAF pois têm investidores que compraram o clube – com todos os seus lucros e suas dívidas – e são responsáveis por sua gestão financeira e patrimonial.
Hoje, no Brasil, os clubes de futebol são associações sem fins lucrativos, ou seja, não possuem um dono. Segundo a lei 14.193, para que um clube brasileiro forme uma SAF e depois possa ser comprado, seu Conselho Deliberativo precisa colocar o projeto em discussão e votação a fim de que seja aprovado, inclusive por sócios desse clube.
A GAZETA conversou com José Luiz Monteiro, 66 anos, ex-prefeito de Arujá e médico e conselheiro da Portuguesa, um dos clubes de futebol mais tradicionais de São Paulo e que pretende se transformar em SAF, para saber o que ele pensa sobre o assunto.
“Futebol é empresa, mexe com dinheiro, então, tem que ser muito bem https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistrado. De maneira profissional, não de maneira amadorística como chegou até agora. O plano do Antônio Carlos Castanheira, que é o atual presidente da Portuguesa, é fazer a SAF”, revelou.
Segundo Monteiro, Castanheira diz que há três investidores interessados em gerir o clube do Canindé.

“Ele jura por Deus que já tem três grupos de investidores. Isso para agora, janeiro ou fevereiro. É a única salvação da Portuguesa e de alguns times [se tornar uma SAF]. O futebol tem que ser profissionalizado, como tudo na vida.”
Grandes não virarão SAF, crê Marcelinho
A GAZETA também conversou com o ex-jogador e atual secretário de Esportes de Itaquaquecetuba, Marcelo Pereira Surcin, o Marcelinho Carioca, sobre a SAF no Brasil.

“Pensando como ex-jogador, é de grande valia para a sustentabilidade dos atletas porque vai chegar o aporte financeiro; agora, pensando em clube-empresa, é resultado. A empresa vai fazer uma análise: vai ver se o atleta ultrapassou a idade, qual o retorno financeiro que ela terá etc.” opinou Marcelinho.
Seguindo seu raciocínio ele cravou: “Os conselheiros se intitulam donos da instituição há muitos anos, ou de geração em geração, e tem alguns fazendo trabalhos extraordinários como o Flamengo, o Palmeiras, o Atlético Mineiro. Eu duvido que Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Inter, Grêmio possam ou queiram ser transformados num clube-empresa.”