Vídeo conseguido pela ‘A Pública’ mostra ‘Samuca’ em festa com mulheres seminuas
Por Aristides Barros / Foto: Divulgação/A Pública
Ao mergulhar no passado de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, vem à tona os relatos de mulheres que, à época dos fatos, viviam a infância e adolescência e teriam sido vítimas de abusos sexuais do homem que deixou seu país fugindo dos horrores da 2ª Guerra Mundial para praticar monstruosidades idênticas no Brasil. A agravante do caso é hereditária, pois Saul Klein, filho de Samuel, foi acusado de seguir os caminhos do pai. Saul foi acusado em 32 casos de estupros.
Polonês naturalizado brasileiro, Samuel Klein morreu em 2014 e sua família lamenta que ele não esteja vivo para se defender. Os mortos não falam, já os vivos encheram páginas de processos relatando os resultados de festas regadas a álcool, sexo e violência, que teriam sido preparadas por funcionários do empresário, mas sempre a mando do patrão. As “festas” teriam acontecido entre os anos 1989 e 2010, dentro da sede das Casas Bahia, em São Caetano do Sul, região do ABC paulista.
Em 2020, a imprensa passou a divulgar fatos sobre o lado obscuro dos empresários e o medo em torno do assunto foi quebrado, mas, também mantido pela suposta “compra” do silêncio de vítimas.
JUSTIÇA
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL), autora de um PL (Projeto de Lei) que tramita no Congresso Nacional e que pode trazer punição a casos como os dos Klein – que “dormem” na impunidade devido a prazos legais -, falou ao jornal.
Ela acredita que o PL pode mudar a vida das vítimas de crimes sexuais, porque a partir do momento que existe uma lei de proteção e amparo a essas pessoas, a coragem de denunciar torna-se presente. Sobre a possibilidade de o projeto poder servir para a reabertura de processos envolvendo os Klein, a deputada assinala:
“Depende de como o PL será aprovado, se teremos emendas ao texto original e como chegará para votação final pelos deputados.”
Sâmia Bomfim só esperava o fim do recesso parlamentar para a mesa diretora da Câmara dar os devidos encaminhamentos ao trabalho, que quer aumentar de três para 20 anos o prazo para ações reparatórias abordando crimes sexuais contra crianças e adolescentes. Pela proposta, o prazo começaria a ser contado quando a vítima atingir 18 anos. Ela acredita que o PL será aprovado.
O advogado Antônio Sérgio de Aquino, que atuou na defesa de seis mulheres que acusaram Samuel Klein de abuso, não acredita que o PL possa reabrir os casos, mas assinala que “ainda que não possa a alteração ser aplicada aos casos passados, que ao menos possa servir aos casos futuros.”
Já nos casos envolvendo os Klein, o advogado pontua a necessidade de mudança do entendimento consolidado no Judiciário, de forma a permitir às vítimas que ao menos possam provar, por meio de perícia técnica judicial, sua incapacidade temporária para a propositura da ação.
Aquino destaca que as vítimas lutam pela possibilidade de ao menos poder tentar demonstrar em juízo que não promoveram as competentes ações cíveis por impossibilidade psicológica, e não por deszelo ou irresponsabilidade.
A defesa dos Klein conseguiu a defesa de ambos: pai e filho.
A Pública, agência de jornalismo investigativo, que fez reportagem em série sobre o caso, conseguiu vídeo que mostra que o “Samuca era um terror”. E o Uol mostrou que o filho não deixada nada a dever ao pai.