Caseiro quase morre baleado e depois de tudo ainda foi “morto” em publicação de jornal
Por Aristides Barros / Foto: Bruno Arib
O caseiro Joel Gonçalves, 43 anos, ficou famoso no Alto Tietê, principalmente em Guararema, após sobreviver, milagrosamente, a dois tiros certeiros disparados acidentalmente por um policial militar. Os médicos disseram que se os dois projéteis tivessem “estourado” dentro do corpo do caseiro, dificilmente a vítima sairia do episódio com vida.
Ele foi baleado em maio deste ano durante uma abordagem policial desastrada quando ia para uma agência bancária sacar o auxílio emergencial. Ferido em Guararema, foi socorrido na Santa Casa da cidade e transferido para o Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes.
No local, enquanto a equipe médica e o paciente lutavam juntos pela vida, em Guararema um jornal alheio ao duro embate que se travava “matou” Joel ao noticiar que a vítima havia morrido. A família do caseiro se desesperou. Porém, ajudado por médicos habilidosos e experientes, Joel venceu a morte.
Ele pouco se lembra dos 15 dias de internação – dois deles passou desacordado e dois em estado de coma. Liberado pelo hospital, retornou para casa, em Guararema, já com a tarefa de refazer a vida e desmentir notícias sobre sua morte.Todo o imbróglio deve ser resolvido na esfera judicial, com a ajuda de uma advogada que busca a reparação de todo o mal vivido, desde os tiros incluindo sua “morte” e “ressurreição”.
Pós Morte
Joel ficou sabendo que “morreu” ao sair do hospital. Indagado sobre como é ser famoso na cidade como “morto-vivo”, foi rápido na resposta: “Não falo disso porque é uma lembrança ruim, eu e a minha família sofremos bastante.”
O caseiro prefere falar de vida. “Estar aqui é uma vitória depois de levar dois tiros de uma Ponto 40 e sobreviver”, disse. “Tudo foi em uma fração de segundos, temos de aproveitar a vida ao máximo”, completou. Os tiros que o atingiram na barriga foram a menos de um metro de distância.
O acidente aumentou a fé em Deus. “Antes não acreditava tanto, agora acredito bem mais. Depois dos tiros muitas coisas boas estão acontecendo, pessoas que eu nem conhecia me ajudam a comprar bolsas de colostomia e remédios”. O elo religioso foi fortalecido. “Sei que tenho um compromisso com Deus e ele comigo”, disse, se referindo à nova oportunidade de vida.
“Agradeço primeiro a Deus por estar vivo, aos médicos e enfermeiras que cuidaram de mim no hospital”, falou, emocionado. “Também agradeço muito minha tia Andreia, que me dá bastante força”, finalizou, reforçando que dentre todos os parentes, ela o amparou no momento difícil. O sobrinho mora com a tia.