A expressão “levar gato por lebre” cai como uma luva nessa situação imobiliária, que pode ser decidida na lei
Por Aristides Barros / Foto: Bruno Arib
A denúncia contra a MRV Engenharia no MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) levada ao órgão pelos moradores do Condomínio Mirante de Itaquá, bairro Guatambu, em Itaquaquecetuba, aponta que eles teriam sido lesados pela construtora durante a venda dos apartamentos, com os corretores da empresa dizendo que todos teriam direito a garagem para os veículos, mas uma parcela ficou sem vagas. Sem garagem e arriscados de terem os carros furtados, ou roubados, caso os deixem na rua próxima ao condomínio, os moradores trouxeram o MP para o caso.
“Compramos acreditando que teríamos vagas de garagem. Teve gente que não comprou apartamento em outro local acreditando na conversa. Agora sequer conseguimos falar com a empresa para solucionar o problema, por isso acionamos a Justiça”, falou o professor Moisés Corrêa de Souza, 29 anos.
Ele destacou que 70 moradores ficaram sem garagem no condomínio, que tem 280 apartamentos. “Só tem 140 vagas e nove delas são para pessoas com deficiência. Ainda estamos conseguindo deixar os carros dentro do condomínio porque as vendas não foram totalmente preenchidas, mas quando forem completadas não vou deixar o meu carro na rua. Nem eu e nem as outras 70 pessoas que também foram na conversa da empresa”, disse Souza.
Os moradores tentam conversar com o setor Jurídico da empresa que os repassa ao departamento de marketing. “Desde 2020 estamos querendo sentar para falar com a MRV, que insiste em não nos receber. Agora, com a Justiça entrando no caso, talvez a empresa preste algum esclarecimento. Esperamos um resultado favorável a nós, pois estamos sendo prejudicados”, lamentou o educador.
Souza enviou ao MP um “material” revelando que os corretores da empresa falaram aos moradores sobre as “vagas para todos”. O professor ainda falou de outras séries de problemas dos moradores com a construtora, mas salientou que a falta de vagas de garagens é a que mais causa dores de cabeça a quem vê o sonho da casa própria virar pesadelo.
O outro lado
A reportagem tentou, sem sucesso, contatos com Marcelo Haffner – que, apesar de não morar no local, é o síndico do condomínio – para saber que providências ele estaria tomando em favor dos moradores.
Já a MRV Engenharia disse, em nota, que “o sistema de distribuição de vagas de estacionamento rotativo foi devidamente estabelecido na documentação publicitária e na convenção condominial, que foram apresentadas aos clientes juntamente com as especificações do imóvel”. O Ministério Público não se manifestou.