Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Descaso a autistas em Carapicuíba leva familiares a pensarem em atitudes extremas

Com base nos relatos de familiares indignados com o que afirmam ser omissão do poder público na assistência aos necessitados, Carapicuíba, na Grande São Paulo, poderia ser elevada a epicentro do descaso com autistas.

Receba as novidades direto no seu smartphone!

Entre no nosso grupo do Whatsapp e fique sempre atualizado.

Indignadas, pessoas sofrem e se desesperam pela situação de seus parentes que sequer sabem que são tratados com indiferença e desumanidade

Por Aristides Barros / Foto: Prefeitura de Carapicuíba | Divulgação

Com base nos relatos de familiares indignados com o que afirmam ser omissão do poder público na assistência aos necessitados, Carapicuíba, na Grande São Paulo, poderia ser elevada a epicentro do descaso com autistas.

Na cidade, pais e mães de pessoas com essa deficiência acusam que são negados a elas tratamentos e, além disso, é dificultada a entrega de medicação a seus filhos e filhas, remédios que evitariam que eles tenham crises, desde leves até às mais agudas, que podem resultar em ocorrências graves.

Mas, o município não é o epicentro do descaso com autistas, porque a omissão campeia em outras cidades brasileiras, agigantando o problema no Brasil. O país é deficiente para cuidar de seus deficientes.

Todavia, em Carapicuíba, onde não se tem o número exato de famílias de autistas “assistidas” pela área de saúde pública, sabe-se da existência de pessoas que põem “a cara a tapa”. Saem do anonimato cientes de que a invisibilidade e o silêncio são parceiros da omissão. Caso fiquem “escondidas”, se aliam aos que negligenciam atendimento aos seus doentes.

Moradora no Jardim Ana Estela, a dona de casa Shirley Botelho da Costa, 60 anos, avó de Henry Silva Botelho, de apenas 4 anos, está nesse grupo de pessoas. Ela conseguiu na Justiça a medicação para o neto, que é autista, e ainda assim, diz que encontra resistência da Secretaria de Saúde de Carapicuíba para conseguir os remédios.

“De sobra” revela que é tratada de forma humilhante por um dos funcionários da Pasta identificado como Flávio, que seria chefe da farmácia municipal, órgão responsável pelo fornecimento gratuito de medicação. Shirley diz que o atendimento negativo não é só com os autistas.

“As famílias das pessoas com deficiência sabem o quanto é difícil suportar o descaso com que somos tratados, ninguém se importa com a nossa situação. Têm pessoas que chegam a pensar em tirar a própria vida pelo sofrimento de ver um filho ou uma filha não receber nenhuma assistência. É muita indiferença seguida de muita humilhação. Somos humanos e deveríamos ser tratados com humanidade”, pede a avó de Henry.

Os altos e baixos para necessitados de atendimento quase que diário a seus parentes e que encontram do outro lado portas e caras fechadas traz momentos de profunda depressão, fazendo que a morte se torne uma alternativa de vida. Muitos já pensaram em terminar a corrida na “montanha russa” dessa forma. Mas, resistem: sabem que, se morrerem, a vida dos que ficarem terá muito mais infortúnios.

Nesta reportagem, vários entrevistados falaram da sedução da morte diante do martírio imputado aos seus, cuja dor é na mesma intensidade do chicote do carrasco que rasga a carne do torturado. O sofrimento de pais e mães ao suplício dos filhos é indescritível, longe de ser narrado.

Uma dona de casa moradora na Vila Creti, que pediu para não ter o nome divulgado, nunca pensou em tirar a própria vida, mas quase morreu pelas mãos de seu filho de 16 anos, autista. Ele tem paralisia cerebral, está entre os casos severos da doença e tem crises violentas.

“Numa delas, ele pegou uma faca e veio pra cima de mim.” Em outra, ao espancá-la quase fraturou o maxilar da dona de casa. “Fiquei com vários hematomas no peito”, disse. Os objetos cortantes ficam trancados a cadeado. “Porque ele pega e fica se cortando todo”, conta a mãe.

As crises explodem em violência descontrolada e ela consegue assistência paliativa no Pronto Atendimento da Cohab 2. “Uma médica só olhou o menino que estava surtando e mandou a gente voltar para casa. O Caps (Centro de Apoio Psicossocial) está sobrecarregado e não dá mais atendimento ao adolescente”, revela a dona de casa.

Aconselharam a mulher que se as crises acontecerem, ela deve acionar o Samu ou a Polícia Militar. “Não é o caso do meu filho, ele precisa é de atendimento”, observa, destacando que tem dificuldades em conseguir algumas medicações controladas para o rapaz.

Ele toma canabidiol e ela não consegue na farmácia da prefeitura. Devido ter custo elevado, a mãe vai tentar obter via judicial, com o apoio da Defensoria Pública. Aliás, quase tudo que é referente aos autistas acontece com a intervenção do Judiciário. Mesmo após dada a ordem judicial para a entrega do remédio, eles enfrentam obstáculos para conseguir o intento pretendido. O canabidiol é usado no tratamento de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas.

“Estamos sem apoio nenhum, a gente vê quase escrito na cara deles. ‘Se vira que o filho é seu, mãezinha’. Só pessoas ligadas a políticos conseguem atendimento. A prefeitura mente nas redes sociais que Carapicuíba dá assistência aos autistas. Quem mora na cidade sabe que não é verdade. Só em época de eleição vêm promessas de que vão ajudar as mães”, relatou.  

Ativistas de outras cidades acompanham o drama dos autistas  

As mães formaram grupos de whatsapp, onde conversam sobre a situação e tentam se ajudar mutuamente, sabendo que da https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração municipal e dos políticos da cidade não podem contar com nenhuma solidariedade. As conversas pelas redes sociais saem do município para outras localidades do Estado.

O grito silencioso de parentes de autistas de Carapicuíba ecoa em outras cidades, com pessoas, profissionais e associações, voltadas ao tema repercutindo o descaso. Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, São Paulo, Santo André e Praia Grande, entre outros municípios que vivem os mesmos problemas, mas não na mesma proporção das mães carapicuibanas, conversam entre si para ajudar na assistência aos autistas daquela cidade.

Todos evocam a ACP (Ação Civil Pública) de 2000, conseguida por Nadir Sampaio, que venceu o Estado de São Paulo para obter assistência ao seu filho. Nadir Sampaio aparece como um dos símbolos na luta pelos direitos dos autistas.

Prefeitura mantém silêncio

A reportagem contatou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Carapicuíba indagando a https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração municipal sobre a enxurrada de reclamações de parentes de autistas que a acusam de omissão na solução dos problemas, e também questionou a https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração sobre o funcionário que estaria destratando as pessoas que buscam remédios na farmácia municipal.

A prefeitura não respondeu a perguntas e se limitou a pedir que a GAZETA passa-se o link do jornal e de suas mídias digitais. O jornal atendeu ao pedido, mas as respostas não chegaram. O espaço continua aberto.

Compartilhe com Todos!
Facebook
WhatsApp

Respostas de 3

  1. Faço parte dessa luta diária, sou mãe de autista. Sou umas das administradoras do grupo acp ação civil pública do estado de São Paulo em favor dos nossos anjos. Gostaria muito q vcs viessem falar comigo tb.tenho relatos muitos fortes.como administradora muitas situações extr3paddam por nós. Minha filha perdeu o loas em plena pandemia , tem alto mutilação. Vários cids , o cras fez o favor de somar o salário ddo meu esposo, com o loas. Conclusão à somatória da renda per capita deu acima.sendo q o lias não é renda e sim um benefício assistencial. O salário do meu esposo não nem 2 salários mínimos. Temos q pagar aluguel agua luz comida sustento de duas menores. Incluindo a autista .q por sinal mesmo levando tds as provas qdo inss pediu.receitas notas de gastos, inclusive as dietas especiais alimentação regrada q traz melhora no qudro de auto agressão e crises convulsivas. Ou seja à 5 meses passo privações da diária da minha filha q chega ao extremo de se alto multila mordendo e arrancando pedaços das mãezinhas. Voltou q fazer xixi com frequência na cama mesmo estando acordada, tem noites q chega ser 5 vezes. Fora as terapias q não tem. E de dor qdo ela pede as frutas de rotina e não tem.pois tdo recursos do loas era para despesas dela.e ainda tínhamos q enterar. O atendente do inss disse q era p pedir cestas básicas no crasqdo falei como iria fazer com as dietas de rotina dela. Muita humilhada. Sai chorando. Pois sabia oq eu ia enfrentar com a falta do dinheiro. Pois só meu esposo trabalha eu tenho q ficar cuidando dela.e da irmã. Q tb é menor. Detalhe o inss ainda está me cobrando dinheiro. 5 meses tiraram o benefício da luz da água. Imagina o sulfoco.obs qdo consegue pegar uma cesta do cras .pensaa qualidade da cia.até coco de rato tinha no feijão. Massa de tomate pura água. Macarrão com.bichinhos. imagina p uma criança q ha teve infecção generalizada com tda restrição dieta tudo por nutricionista especializada. Ter comer uma comida dessas essa e cesta q o governo fornece. Não tenho bolsa família nem benefício pelo governo. Enfim. Assim como eu tem.vários casos parecidos. Estou disposta à contribuir com tds as informações com documentos. Ai tb rm Carapicuíba tem uma mãezinha com uma filha autista severa q não tem tratamento ficou sem.o loas. Qdo à moça surta passa fezes em tdo lugar rasga as fraldas .a mãe corre p upa eles dopam e nanda p casa.a mãe passa privações pois tem outros filhos. Gostaria muito de alar com vcs pessoalmente. A mídia esconde os suicídios das mãezinhas dos autistas. E tb suicídio de autistas. Estou a disposição e confirmo tudo q à dona Shirley relatou e as demais mãezinhas. Conheço a dona Shirley pertence algo grupo q sou umas das administradoras. E sito e afirmo à nossa referência @Nadir Sampaio essa sabe o q é vencer o estado. Em favor dos autistas. Essa guerreira tem à verdade na pele na briga contra o governo do estado de São Paulo. Chamem ela .ela sim.e à grande referência. Muitos tenta calar a voz dela.mas somos lado à lado com ela.a acp vai se tornar federal se Deus quiser.pode chamar dona nadir Sampaio, Vanessa Ângelo e exatamente à minha pessoa. Pos com certeza , vcs vão ver q à matéria apresentada é só a ponta do iceberg .obrigada pela o oportunidade de nossas mãezinhas.

  2. Saúde, educação, segurança e perturbação do sossego são alguns problemas que à tempos afetam Carapicuíba. Agora esse caso de descaso com nossos autistas é vergonhoso. Se preocuparam demais em fazer asfalto e esqueceram dos principais problemas que afetam a cidade.

  3. Saúde, educação, segurança e perturbação do sossego são alguns problemas que à tempos afetam Carapicuíba. Agora esse caso de descaso com nossos autistas é vergonhoso. Se preocuparam demais em fazer asfalto e esqueceram dos principais problemas que afetam a cidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

daredacao
Reportagens - 12467