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Avesso aos 50 anos de lutas e conquistas, o Brasil ainda é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+

A princípio para o melhor entendimento, sobre onde tudo começou, vamos viajar 50 anos atrás. Nas primeiras horas da manhã do dia 28 de junho de 1969, aconteceu um marco para o início de nossos direitos: a “Rebelião de Stonewall”, uma série de manifestações violentas e espontâneas de membros da comunidade LGBT contra uma invasão da polícia de Nova York.

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Por Felipe Bitante / Arte: Giovanna Figueiredo

A princípio para o melhor entendimento, sobre onde tudo começou, vamos viajar 50 anos atrás. Nas primeiras horas da manhã do dia 28 de junho de 1969, aconteceu um marco para o início de nossos direitos: a “Rebelião de Stonewall”, uma série de manifestações violentas e espontâneas de membros da comunidade LGBT contra uma invasão da polícia de Nova York.

Uma época em que Nova York passava por um sistema jurídico anti-homossexualismo, uma época cruel não só para os LGBT, quanto para negros ou qualquer minoria que não fizesse jus ao patriarcado, branco e heteronormativo.

A rebelião foi uma junção de sentimentos de injustiças praticada pelos governos onde negros, gays e tudo que fugia dos padrão heteronormativos impostos pela sociedade eram brutalmente reprimidos. Foi esse sentimento de repressão e medo que deu início à luta pelos direitos de igualdade de uma parcela da sociedade, que era tratada como animais sujos e doentes.

No Brasil, o movimento LGBT nasceu em um contexto de grande repressão e injustiça social: a ditadura militar, que foi de 1964 a 1985. Dois jornais da época foram os grandes divisores de água para que o movimento se fortalecesse: o Lampião da Esquina e ChanacomChana.

O primeiro surgiu no ano de 1978 e tinha um cunho abertamente homossexual, apesar de abordar outras importantes questões sociais. Uma de suas principais ações era denunciar a violência contra a população LGBT.

O segundo – fundado em 1981 por um grupo de lésbicas – era vendido e distribuído no Ferro’s Bar, conhecido bar de público lésbico.

No dia 19 de agosto de 983, por desaprovação dos donos do Ferro’s Bar, o grupo de lésbicas foi expulso do estabelecimento resultando em um ato político que deu origem ao que ficou conhecido como o “Stonewall” brasileiro.

Por conta desse levante houve o fim da proibição da comercialização do ChanacomChana, e o dia 19 de Agosto passou a ser a data em que é comemorado o Dia do Orgulho Lésbico, em São Paulo.

Apontados todos esses fatos históricos que foram um marco para comunidade LGBT juntando as conquistas de direitos que temos hoje, é triste ver que após 50 anos de lutas o Brasil ainda registre um assassinato de pessoas LGBT a cada 23 horas.

Mesmo amparados por leis à visibilidade e à diversidade sendo expostas e explicadas cada vez mais no país ainda, assim, uma pessoa, um cidadão morre a cada 23 horas vítima de preconceito.

O que deve ser enxergado primordialmente é que é um filho(a), um marido ou esposa, um pai ou uma mãe que morre a cada 23 horas. Independente de orientação sexual, identidade de gênero, uma pessoa com família, com uma história, com um sentimento, é brutalmente assassinada.

Isso fere tudo que conquistamos até hoje, fere a Constituição Federal que é o alicerce do nosso âmbito jurídico, destrói toda nossa concepção de direitos humanos, a liberdade humana e a liberdade de expressão que é direito de todo cidadão, previsto por lei, previsto na Constituição.

O que vemos são os próprios cidadãos por uma ideia retrógada e preconceituosa ferindo veementemente tudo isso e nada sendo feito pelo poder político e legislativo. De algum modo tudo é escondido, abafado, dando a entender que nosso governo é conivente com tal brutalidade.

Por fim, tivemos um projeto de lei, a P/L 504 de 2020, que, além de ferir juridicamente os direitos humanos, buscava segregar mais uma vez uma parcela da sociedade, que já foi e ainda é brutalmente reprimida, fazendo regredir tudo que foi conquistado até hoje.

Então, deixo aqui o pensamento: o LGBT que morre a cada 23 horas no Brasil é um filho, um pai, um amigo, uma história que estava em construção e foi interrompida. Um sonho que foi destruído sem nenhuma piedade, uma vida que algumas pessoas conscientes, ou não, de algum modo segregaram, excluíram, devido a sexualidade e orientação dela.

Outros, conscientemente incitaram o ódio aos LGBT´s porque se sentem superior ao que é diferente de sua realidade diária, cujas concepções insanas que criam sobre certo ou errado ajudam a matar.

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