Famílias podem sair de onde seus parentes foram levados para esperar a morte chegar
Por Aristides Barros / Fotos: Bruno Arib
A advogada Raquel Caroline Rondon defende ao menos nove famílias em uma ação movida contra elas pelo Governo do Estado, que pretende retirá-las das casas no entorno do Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti, no Distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes, onde moram há décadas e ao longo dos anos viveram histórias marcadas por amor e renúncia, abandono e altruísmo, e todo um enredo de vida que fica para uma próxima reportagem.
Romantismo à parte, a advogada entrou firme na causa pedindo que se os moradores sofrerem a ação de “despejo”, que sejam indenizados, em função da “dívida histórica” que o Estado tem com todos eles, que foram forçados a irem para o local por sofrerem de hanseníase. O caso repercutiu na Câmara de Mogi, com os vereadores sendo unânimes em apelar ao governador para abandonar a ideia de tirar as famílias das casas.
A ação de reintegração de posse que desagua em um processo iniciado em 2014 foi suspensa por determinação da PGE-SP (Procuradoria Geral do Estado de São Paulo), devido à pandemia do coronavírus.
“Mas a ação não foi arquivada e pode ser retomada a qualquer momento. Estamos atentos, pediremos indenização, inclusive com a realização de perícias para avaliar o valor dos imóveis onde foram feitas benfeitorias ao logo do tempo em que as pessoas estão morando neles. Eles cuidam com carinho do canto onde moram, fazem reformas e outras ações visando a manutenção e beleza das casas”, diz Raquel.
A advogada, que teve a ajuda da estagiária Amanda Elias dos Santos na coleta de informações, garante: “As famílias não são invasoras como é apresentado na ação do Estado. Se elas saírem vão ter o direito à reparação, estamos firmes trabalhando para isso.”