Da Redação / Arte: André Jesus
A grande onda na segunda onda da pandemia – essa muito mais letal – são profissões e profissionais classificados como “linha de frente”. Eles já existiam, estavam lá. Agora surgiram uns com status, que estufam o peito para dizer: sou linha de frente. Normal! Cada um é o que é!
Nisso dá a impressão que a maioria esmagadora da classe trabalhadora e o todo da população não vacinada, suas ocupações e suas vidas, não representam nada aos linhas de frente.
A Covid-19 não é seletiva, não demarca território com linhas imaginárias. Mata sem pedir cara crachá, não dá a mínima à carteirada. Todos estão expostos, uns mais, outros menos. A vacina tem de ser para todos, e quem poderia tomar à frente da missão furtou-se disso, imunizou-se de responsabilidades.
Os milhares de não linhas de frente não é um grupo sentado na última fileira do cinema nacional assistindo à superprodução patrocinada pela incompetência de governos estaduais e municipais, sob a ingerência geral do Governo Federal: autor do filme e ator no papel principal.
Governos que no script se atacam enquanto o inimigo invisível bombardeia a população de todos os lados, ela perece sob intenso “fogo amigo”. Os “mocinhos” vacinados se salvam, os linhas de frente tomam suas duas doses e não morrem no fim do filme, cheio de heróis.
É todo o elenco que quase expulsou médicos cubanos a pontapés, e agora está heroicamente exausto. Seria bom o reforço na guerra cujas baixas passam de 360 mil mortos. É a sinopse de um filme-catástrofe, trágico, cruel e desumano.